Mudanças





As mudanças, sejam aquelas forçadas pela vida ou as espontaneamente escolhidas, sempre nos levam a grandes experiências. A primeira acontece quando saímos daquele ambiente agasalhado e aprazível para um mundo nebuloso e cobrador.

Gosto das mudanças que somam, fazem crescer e trazem sentido nessa viagem que nada mais é do que um autoconhecimento. Sim, mudamos para nos conhecer melhor. Mudamos de idéia, de sexo, de lugar, de sentidos, de sentimentos, de pessoas. Mudar é atravessar, é aceitar o que não foi combinado, é nos dificultar as respostas das perguntas de sempre. Mudar é, sobretudo, um ato de coragem que requer muita ação e algum medo. E tudo começa quando nos rendemos a um desejo. Desejar é o ato preliminar do movimento. Há que se lançar um olhar atencioso e preguiçoso ao objeto desejado, analisá-lo cuidadosamente para não tropeçar no deslocamento a frente. Mudar requer planejamento de tempo - se for rápido demais, desanda, se for vagaroso, se perde e se congela na vontade.

Aprendi que a mudança feita a dois requer uma atenção redobrada. É como um plano de negócios onde se avalia os riscos e as garantias. Alcançar a mudança do outro é uma tarefa incessante de observação da alma, do pensamento, das atitudes, do silêncio e das palavras. É, em algumas situações, entender que o movimento é só seu e que não deve estar atrelado ao do outro. Perceber a mudança com o outro e do outro é saber que não há perdas, mas outros ganhos.

Mudar, afinal, traz algo de mágico, um quê de esperança na inércia, uma sobriedade diante da embriaguez da incerteza. É, sem dúvida, uma batalha que engrandece. É transformadora. Deixa pra traz o que ficou apertado e te convida a experimentar outros figurinos sem que se perca o fio da essência. É um ato de fé, de saber que fizemos o melhor, mas que ainda há muito por fazer.