Silêncios



Há o silêncio surdo, que de tão cansado de escutar absurdos, entra em uma espécie de transe antipoluente auditiva;

Há o silêncio das palavras, alçando vôo para a mente, afogando em pensamentos, pesando o inconsciente;

Há o silêncio solidão, que guarda a palavra do dia, do mês, do ano, à espera de um ouvido bom;

Há o silêncio momento, em que é preciso um tempo, um sopro de vento, um esquecimento dos argumentos para colocar ordem na desordem;

Há o silêncio das perdas onde o próprio silêncio se corrói; 

Há o silêncio do ódio, que maltrata, enferruja, esfarela a alma;

Há o silêncio do trauma, que cala fundo, cola na alma gritando por estratégias de escapatória;

Há o silêncio guardado, que aguarda no cais o momento de zarpar;

Há o silêncio sentido, fininho em filetes de magoas, torrentes em lágrimas;

Há o silêncio inteligente, que se faz conveniente para seguir em frente;

Há o silêncio decepção, onde não há mais nada a fazer para desfazer;

Há o silêncio da desculpa, que só entende quem tem olhos para escutar;

Há o silêncio egoísta, que culpa os inocentes e se esconde covardemente;

Há o silêncio interior, feito de sublimes pensamentos a flutuar sem peso, onde nada busca e tudo é alcançado, eterno descobridor de si mesmo e, por isso, jamais passageiro

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